segunda-feira, 22 de março de 2010

Game (s?) da Semana - Pokémon HeartGold/SoulSilver

E eis que surge uma análise 2 em 1, afinal, as diferenças são mínimas entre...

Pokémon HeartGold / SoulSilver
Velhinhos, mas ainda com corpinho de 16!



É óbvio que eu não deixaria de fora este que é o lançamento do mês no mundo dos games. Pokémon HeartGold/SoulSilver (a partir de agora referidos como HG/SS) são uma verdadeira viagem no tempo para quem, como eu, é dos saudosos tempos do Game Boy.

Um remake pede uma retrospectiva



Os jogos são nada mais, nada menos, que versões recauchutadas de Pokémon Gold/Silver (G/S), que é considerada por muitos (eu incluído) a melhor geração dos monstrinhos já existente. Não é à toa que foi a que mais vendeu. Lembro-me que, nas férias de janeiro de 2000, baixei uma versão japonesa traduzida para português, na ansiedade de pôr as mãos no game. “Você quer uma Chicolita?” perguntava o professor quando eu examinava uma das três pokébolas iniciais. Eu aceitei. O restante dos nomes dos Pokémon estavam todos em japonês ainda, e a maioria dos golpes e textos também. Por isso, logo desisti e fiquei desesperadamente aguardando o lançamento ocidental. Obviamente, nada de baixar nesse momento: comprei Pokémon Silver original para Game Boy Color.

Foi o momento em que surgiu a diferença de gêneros, todos os Pokémons passaram a ter espécimes macho e fêmea, não apenas o Nidoran. Com isso, veio a possibilidade de acasalar os bichos, que ficaram muito felizes, claro. E nós também. Afinal, com os filhotes, eu pude fazer um time com todas as variações do Eevee, o que não podia acontecer em Red/Blue. Foi em G/S, também, que os monstrinhos ganharam sua forma definitiva, que mantêm até hoje. Em Red/Blue, a maioria era bem feiosinha e a maioria não tinha cores de preenchimento, apenas contornos.


Gold/Silver é, até hoje, a única geração que permitiu comunicação interna entre duas regiões: a então recém-criada Johto e a já conhecida Kanto, terra de Misty, Brock, Sabrina e companhia limitada. Eles, aliás, marcaram presença e continuaram como líderes de ginásio, dando a G/S o status de única geração entre as 4 existentes que possui mais de 8 insígnias. São 16 no total: as 8 de Johto e as 8 clássicas de Kanto, que foram eliminadas nas gerações posteriores e nunca mais voltaram. Até agora, claro.

Gold/Silver nos trouxe o simpático Marill (que, antes da versão ocidental, muitos por aqui chamavam de Pikablu, acreditando que ele seria o sucessor do insubstituível Pikachu), além de Aipom, Nosepass, Gligar, Swinub/Piloswine, Yanma, Sneasel, Murkrow e Misdreavus que, 6 anos depois, ganharam evoluções em Diamond/Pearl (já estava na hora!). Os bebês também foram introduzidos aqui. E são muitos: Pichu, versão neném do Pikachu, Cleffa, a Clefairy recém-nascida, Igglybuff, uma versão menos rechonchuda do Jigglypuff, e os sapecas Elekid (o segundo Pokémon dessa geração a ser revelado pela mídia, na época), Magby e Smoochum (versões infantis de Electabuzz, Magmar e Jynx, respectivamente). Também foi aqui que surgiu o Togepi saído do ovo, sucesso absoluto no anime.

Os produtores perceberam que o atributo “Special” era muito fodão, principalmente com o golpe Amnesia usado para aumentá-lo, o que garantia, ao mesmo tempo, dano e defesa fortíssimos. Assim, dividiram esse atributo em Special Attack e Special Defense, o que faz muito mais sentido, e Amnesia passou a aumentar apenas a Special Defense. Justo.

Os itens são um caso à parte. Os Pokémon, pela primeira vez, podia segurar itens durante as batalhas, o que passou a fazer uma enorme diferença na estratégia do jogo e deu espaço às Berries, frutinhas com efeitos diversos que garantiram eternamente seu espaço nas gerações seguintes. Com isso, agora havia itens que alguns bichos teriam que segurar durante trocas para evoluírem e, obviamente, novas evoluções surgiram: Golbat agora ficada ainda mais fodão como Crobat, Poliwhirl podia virar o sapinho Politoad, Seadra se transformava no poderoso dragão marinho Kindgra e Onyx inovou com sua evolução, o Steelix. Ah, Steelix... o grande símbolo dos Pokémon do tipo metálico, que até então não existiam, tendo debutado juntamente aos do tipo noturno (com Umbreon, a nova evolução do Eevee além do psíquico Espeon, no posto de principal representante noturno) em G/S.

Um último detalhe: a geração Gold/Silver, como todas as outras, ganhou um terceiro game, o Crystal. Nele, estreou a possibilidade de se escolher entre um personagem garoto ou uma menina, algo que perdura tamanho o sucesso que fez.

Conclusão: toda a mecânica de jogo que conhecemos hoje foi criada naquela época, nasceu com Gold/Silver. Isso posto, não resta dúvidas de que um remake é, no mínimo, uma homenagem merecida.

Velho jogo, novo visual

Absolutamente todos os elementos que descrevi voltam triunfalmente em HG/SS, mas muito mais belos e atraentes. A diferença mais gritante entre qualquer outro jogo da série: seu primeiro Pokémon agora te segue durante todo o game. E quando eu digo primeiro, não estou falando de Chikorita. Qualquer um que esteja posicionado na frente de batalha vai andar livre, leve e solto atrás de você, à la Pikachu mala do desenho. É uma bobagem, mas garanto que você vai adorar.



Os personagens marcam bastante. O menino principalmente, já que seu boné tem as cores de Gold/Silver, mas a menina também é muito bem desenhada (só não entendo por que todas as meninas treinadoras precisam ter um chapéu bizarro!). Como de costume desde a geração Ruby/Sapphire, se você escolhe um, o outro se torna um NPC (non-playable character, em linguagem de RPG, um personagem controlado pelo computador que te ajuda às vezes).

O rival agora está mais bem feito, e tem mais cara de mau também, enquanto os líderes de ginásio ganharam uma baita reformulada e estão com um visual bem mais moderno. Os ginásios, por sinal, também são um caso à parte: ganharam um visual incrível, com elementos interativos. O primeiro, por exemplo, de Falkner, o líder voador, tem uma sacada surpreendente e perfeita! Mas é só o começo.

Os mini-games parecem divertidos, e cheiram a multiplayer (que infelizmente não vou poder usar =( ). Todos os modos de batalha anterior do Battle Frontier estão de volta, e novos foram inventados, com variações tímidas e não tão surpreendentes assim. A batalha entre 4 jogadores, ao vivo, por wireless, é a mais bem-vinda delas.

Todos os Pokémon de Kanto e Johto podem ser pegos aqui, relembrando a saudosa época em que era possível completar a pokéagenda tendo apenas um amigo com a versão que é par da sua, sem precisar de comunicação com games de gerações passadas (ok, vamos excluir os 3 pássaros lendários e Mewtwo, e ainda assim não há comparação). Mas agora temos Hoenn e Sinnoh, as duas gerações mais recentes, para estragar essa festa. Mas não é que muitos deles até existem no jogo? Isso graças, principalmente, a uma nova invenção, um golaço da Nintendo, chamado Pokéwalker.

Não ao poké-sedentarismo


O Pokéwalker merecia um post só pra ele. É um aparelhinho com as cores de uma pokébola, para o qual você pode transferir um bichinho de HG/SS. Quem já teve um daqueles bichinhos virtuais que viraram febre em 1997 vai reconhecê-lo rapidamente no idêntico poké-acessório, que nada mais é do que um podômetro, que não poda ninguém, e sim conta os passos dados pelo jogador quando está no seu bolso.

O esquema é o seguinte: você e seu bicho vão, felizes, passear em algum dos cenários escolhidos. A cada 20 passos, você gera 1 Watt, com o qual pode usar os dispositivos existentes no periférico: o Pokéradar e a Dowsing Machine, que gastam uma quantidade de energia.

O Pokéradar é o de sempre: você o usa e aparece um bicho selvagem pra te encarar e ser capturado. Um porém: cada uso gasta 10 W, um gasto absurdo de energia. Precisamos de um Pokéradar que valorize mais a sustentabilidade! Ecológico ou não, ele permite que você batalhe (em um estilo EXTREMAMENTE mais simples que o do game comum – os únicos comandos são atacar, desviar e jogar pokébola) e capture o bicho. Mas cuidado para não ser nocauteado, já que 10 Watts serão perdidos nesse caso.

A grande sacada é a possibilidade de capturar Pokémons que você nunca imaginou que um dia te acompanhariam durante toda a aventura pelas insígnias. Eu, por exemplo, peguei um Kangaskhan, um Smoochum, uma Staryu e um Dratini antes de conquistar sequer uma insígnia no jogo normal, e esses são bichos que tipicamente só aparecem nas partes finais do game.

Já a Dowsing Machine é mais bizarrinha: você gasta 3 Watts para ficar chafurdando umas graminhas à procura de itens – até mesmo TMs podem ser achados nelas. Mas, das 6 graminhas, você só pode fuçar em 2. Caso não ache nada, é Watt perdido à toa.

Você pode – e deve! – carregar o Pokéwalker com você para onde for, assim os Watts surgem com mais facilidade. E, sem uma boa caminhada, nada de Watts, e nada de aproveitar as vantagens do acessório.

Por fim, a bomba: para destravar todas as rotas no Pokéwalker (cada rota contém bichos específicos dela), você também precisará de Watts, e Watts NÃO UTILIZADOS no Pokéradar ou na Dowsing Machine. Quando você transfere os Watts para seu banco de Watts no cartucho, eles nunca mais poderão ser usados, mas se acumulam para destravar novas rotas. A última rota – é hora do susto – é destravada com 100 mil Watts! Ou seja, 2 milhões de passos. Só pra se ter uma idéia, em minha rotina diária, sem carro, ando aproximadamente 8 mil passos atualmente (porque moro perto do trabalho). Conclusão: precisaria de cerca de 250 dias – mais de meio ano! – para que eu destrave todas as rotas. Sim, a Nintendo definitivamente decidiu dar um basta no sedentarismo de seus jogadores! Claro que há maneiras de tapear o Pokéwalker para que ele pense que você está andando, mas são todas tão chatas e cansativas que, no fim, você se rende e põe as canelas pra se mexerem. E haja paciência!

Experiência nova em folha

Pokémon HeartGold/Soulsilver é um par de remakes que soam como novos. Com ótimos gráficos, inovações que pipocam a todo momento e todos os velhos elementos que consagraram os games originais, o novo lançamento da Nintendo está longe de ser mais do mesmo, e tem tudo para agradar a todos. A mim, já agradou bastante. Se eu pudesse, não estaria parado enquanto escrevia esta análise. Mas infelizmente não dá. Então, o melhor que tenho a fazer é ir andando... mesmo!!!



ENREDO – 10
Três anos depois da consagração de Ash (ou Red, como queiram) como grande campeão da liga, um novo moleque decide que ser mais foda ainda, e inicia sua jornada. Não é nada grandioso, mas, pensando em Pokémon, é, até hoje, o melhor enredo da série!

GRÁFICOS – 9
Algumas inovações, como o novo design das escadas dentro de torres e cavernas, superam até mesmo Diamond/Pearl/Platinum. O visual está levemente mais bem cuidados que os recentes games da quarta geração. Temos o direito até a um pouquinho de 3D na abertura! Tá bom, tá bom tá bom... assim, boooooom, num tá, mas tá bom. Estamos precisando mesmo é de um game 3D de verdade. Ouça-nos, Nintendo!

SOM – 6
O que salva aqui são as velhas músicas clássicas de 10 anos atrás, todas com cara de novas em folha. Incrível. Mas os 4 pontos perdidos na nota estão, merecidamente, ligados a um único fato que já foi muito discutido: os grunhidos dos bichos. Toda a tecnologia para se fazer vozes decentes já está completamente disponível, e é muito fácil. Mas os barulhos que eles fazem ainda são OS MESMOS que faziam no avô do DS, nosso querido Game Boy, um fusquinha perto da Ferrari que é o DS. Porra, Nintendo! Faz direito esses sons logo!!!

JOGABILIDADE – 10
A grande inovação aqui fica por conta do novo menu. A barrinha branca lateral com as opções já era. O menu agora é todo “digitalizado” na tela da Pokégear, e você pode acessá-lo tanto com os botões quanto com a caneta Stylus. E, finalmente, não é mais necessário ficar segurando o B o tempo todo pra correr! Há um botão na Pokégear que ativa/desativa a correria, e se mantém fixo, como um Caps Lock nos tênis do personagem. Extremamente bem bolado! Fora o uso da vara de pescar e da bicicleta, que foram simplificados pelo mesmo sistema. O resto é mais do mesmo, o que de forma alguma é ruim.

DESAFIO - 8
Sinceramente, o que aumentou a nota aqui foi o desafio monstruoso que é andar milhares de quilômetros com o Pokéwalker em posse para destravar tudo. Assustador! Com exceção dos líderes de ginásio, que são momentos que sempre valem a pena, as batalhas quase sempre serão ridiculamente fáceis, e algumas poucas, destaque para a Elite 4, que sempre aparece com bichos pelo menos 10 níveis acima dos seus, serão irritantes de tão impossíveis. Ou seja, o de sempre, também. Ponto pro Pokéwalker!

DIVERSÃO
SINGLE PLAYER – 9
O Pokéwalker, mais uma vez, ajuda muito aqui. De resto, nada de diferente. Pokémon definitivamente não é um game pensado pra se jogar sozinho, mas a mágica é que sozinho ele já se garante.
MULTIPLAYER – 9
O fato de precisar de outro DS e outro cartucho pra jogar com alguém é um saco. Mas, de novo, não há novidade aqui. Pelo menos a internet facilitou um pouco esse problema.
REPLAY – 7
Ninguém em sã consciência vai querer deletar todos os monstrinhos bem criados e desenvolvidos para começar um novo jogo. Mas quem tem acesso a outro DS com outro cartucho Pokémon, seja Diamond, Pearl, Platinum, HeartGold ou SoulSilver, para armazenar os bichos, pode se divertir passando por tudo de novo com outros pokés diferentes da primeira aventura, que, por si, já é uma senhora aventura.

NOTA FINAL – 91
Pokémon HeartGold/SoulSilver é um remake extremamente pedido e esperado pelos fãs. E a Nintendo honrou o vovô Game Boy com esta versão de DS que não deixa nada a desejar em relação à primeira, e ainda acrescenta muita coisa. A cereja do bolo, claro, é o Pokéwalker, que mostra que a Big N não está de brincadeira quando afirma que é norteada pela ideia de inovação.



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