Bom, galera, quinta-feira é dia do Filme da Semana. "Mas e terça e quarta?" Bom, esses dias também terão seções, mas, como deu pra notar, o blog não será atualizado todos os dias, por isso nem todas as seções serão semanais. Tentarei manter as de segunda e sexta sempre, e as demais ao máximo que puder.
E, em homenagem a uma atriz vitoriosa no Globo de Ouro, que aconteceu no domingo, e também à ainda subestimada arte de blogar, inauguremos a sessão Filme da Semana com...
Julie & Julia
Como levar um Globo de Ouro de forma leve e sem pretensões
365 dias, 524 receitas. É esse o desafio a que se propõe Julie Powell (a espetacular Amy Adams), uma típica norte-americana de classe média aos 30, quando inicia seu blog. É claro que, nos primeiros dias, ninguém dá atenção ao seu blog. Mas, à medida que Julie vai contando suas histórias, nós, assim como seus leitores, começamos a perceber o quanto uma proposta aparentemente tão simples pode mudar a vida de qualquer pessoa comum.
Descobrimos que Julie é influenciada por Julia Child (Meryl Streep, recentemente premiada com o Globo de Ouro de melhor atriz por esse filme), uma chef que revolucionou a culinária norte-americana ao lançar “Mastering the Art of French Cooking” (Dominando a Arte da Culinária Francesa), e passamos a acompanhar também a história de vida de Julia.
Julie Powell era uma atendente de um call-center que não se sentia muito realizada com seu trabalho. Um belo dia, vai a um almoço comum com suas amigas do tempo do colégio, quando, em um momento epifânico, percebe que todas encontraram o caminho para o sucesso, com exceção dela própria. Decide, então, que sua vida necessita de um objetivo. Assim, ela decide criar um blog para relatar sobre o status de seu projeto de vida. Mas o problema é: que projeto será esse? Até que ela se depara com o livro de receitas de Julia Child, que atravessou gerações em sua família, e tem uma ideia: cozinhar, em um ano, todas as receitas do livro. É o início do “Julie/Julia Project”. Julie rala pra conseguir fazer as receitas, acaba, sem perceber, pondo em risco toda a sua vida pessoal – em especial sua relação com o marido – em nome do desafio, e custa a ter o primeiro comentário em seu blog... mal sabia ela o enorme sucesso que ele seria futuramente.
Paralelamente, Julia Child é uma senhora comum na primeira metade do século XX, cujo marido trabalha para o serviço secreto americano, e tem que se mudar para a França. Acompanhando o marido meio a contragosto, ela decide que precisa de um objetivo em sua vida em Paris, e passa a ter aulas de culinária, descobrindo, assim, a paixão pela cozinha francesa. Enfrenta diversos obstáculos para se tornar uma chef, e, depois disso, mais tantos para conseguir publicar seu livro.
A dupla Amy Adams e Meryl Streep retorna, após o sucesso de “Dúvida”, apenas para confirmar o quanto vale a pena uni-las em um mesmo filme. Adams, injustiçada ao não levar o Oscar do ano passado, provavelmente passará despercebida até mesmo na indicação este ano, em função do papel simples que lhe foi dado, o que de forma alguma significa que não tenha sido executado com maestria. A veia cômica da atriz começa, levemente, a dar as caras, e é muito bem-vinda! Mas quem acaba roubando a cena é, pra variar, Meryl Streep, que dá uma interpretação inacreditável a uma Julia Child que consegue ser bastante característica e marcante e ao mesmo tempo passar longe de cair no caricato. Após a vitória do Globo de Ouro, Meryl Streep passa a ser um nome de peso para o Oscar 2010, sendo ameaçada apenas por Sandra Bullock, a aparente favorita deste ano (aliás, na semana anterior ao Oscar, aguardem um especial sobre ele aqui no blog! =D).
Julie & Julia é um filme leve e sem pretensões, que nos leva ao universo culinário com total êxito, sem riscos de tornar-se entediante ou específico para quem gosta de cozinha (eu detesto cozinhar e recomendo totalmente o filme!). É impossível não se cativar pela história de duas mulheres que buscaram fazer a diferença em suas vidas, passando por todas as adversidades e fracassos inerentes a seu objetivo, mas sempre erguendo a cabeça e seguindo adiante. É obrigatório para qualquer apreciador da sétima arte, sem restrições de idade, sexo ou de qualquer outro tipo. Inspirador, divertido e, sem dúvidas, bastante suculento! Bon appétit!