sábado, 24 de setembro de 2011

A nova (?) Two and a half men


 
Quando foi confirmada a presença de Ashton Kutcher como substituto de Charlie Sheen em “Two and a half men”, a primeira coisa que pensei foi: “cara, que sorte desses produtores”.

Não que Ashton Kutcher seja o supra-sumo do mundo das séries, mas o fato é que uma substituição dessas, na altura de uma nona temporada de qualquer show, dá uma cara nova para o programa, e enche o tanque da produção para que ela consiga sobreviver por mais uns anos. A fórmula com Charlie Sheen já estava se esgotando, e um novo personagem é um ganho de fôlego para manter “Two and a half men” por mais dois ou três anos no ar, num cenário pessimista.

Aparentemente, eu não estava errado. Com quase 28 milhões de espectadores, a reestreia da série, com Kutcher no elenco, acabou se tornando o episódio mais visto da história (e olha que “Two and a half men” tem história!). E fez por merecer. O roteiro é criativo, divertido e, claro dá muitos tapas na cara do personagem de Sheen.

Tudo começa com o velório de Charlie. Muitas intérpretes de namoradas antigas do personagem, como Jenny McCarthy e Jodi Lyn O’Keefe, comparecem para bater (ou cuspir) em suas memórias, o que rendeu algumas das melhores piadas do episódio. Mas o melhor momento é mesmo o discurso de Rose (Melanie Lynskey), namorada de Charlie, que comenta que após pegá-lo no chuveiro com outra mulher, resolveu perdoá-lo, mas, “coincidentemente”, no dia seguinte, ele havia escorregado na linha do metrô e sido atropelado. “Charlie não sofreu. Morreu como um grande balão de carne”, explica ela, em performance divertida.

 
A reunião que decidia o que ser feito com os bens do personagem foi o momento que arrancou mais risadas de mim, graças ao bom roteiro que provocava interação entre Evelyn (Holland Taylor), mãe dos protagonistas, e Judith (Marin Hinkle), a ex-mulher de Alan (Jon Cryer). Lá, Alan percebe que não tem dinheiro para manter a casa, que será posta à venda.

A venda da casa abre espaço para personagens convidados, como Dharma & Greg (que saudade dessa série!), outra criação de Chuck Lorre, vividos por Jenna Elfman e Thomas Gibson. Os dois rendem uma cena deliciosa para qualquer nostálgico.

Segue, então, o único momento próximo de uma homenagem ao personagem que guiou a série por oito anos: uma bela cena de Alan se despedindo do irmão, já em forma de cinzas. Cinzas que, claro, também rendem momentos hilários quando Alan tenta decidir que destino dar aos restos do irmão.

Nesse contexto, surge o bilionário suicida Walden (Kutcher), que acaba fazendo amizade com Alan e, depois de algumas cenas de nudez desnecessária (mas nem por isso sem graça), ambos vão a um bar, onde Alan percebe que Walden não é nem um pouco bom com mulheres, totalmente ao contrário do falecido irmão.



Bem nesse momento, quando você pensa que o seriado vai ganhar uma cara nova, percebe que o episódio terminará com Walden fazendo sexo com duas mulheres e Alan chupando o dedo. Como sempre (aliás, até isso rende piada).

É aí que você percebe que “Two and a half men” vai ser exatamente a mesma coisa que era antes, mas com uma cara nova e um pouquinho mais de nudez. Kutcher segura a peteca, mesmo porque, como ator, é levemente melhor que Sheen (o que não quer dizer muita coisa, claro), mas está mais do que claro que as mentes por trás do show não querem mudar a forma como trabalham, tampouco seu produto.

Isso provavelmente significa que tudo vai continuar igual também para os espectadores: quem não acompanhava, não vai passar a acompanhar; quem via esporadicamente quando ligava a TV e “Two and a half men” estava no ar (meu caso), continuará fazendo isso; quem achava graça nas piadas pode até, por birra, fingir que parou de achar, mas elas serão exatamente as mesmas.

Apesar da ótima reestreia, a mudança de elenco só serviu para confirmar o óbvio: “Two and a half men” está ficando velha. E, apesar de não ter um grande efeito na prática, a substituição de Charlie Sheen não poderia ter vindo em melhor hora para retardar esse processo.

Um comentário:

  1. Também acho que a entrada de Walden na série trouxe um novo gás para a quase esgotada série THM.
    O primeiro episódio manteve um bom ritmo, com piadas no tom certo. (não acho que houve, por exemplo um exagero de piadas para tentar manter a atenção, o episódio conseguiu ser natural nesse aspecto). Chamou atenção e mostrou aos telespectadores mais desesperados com a ausencia de Sheen, que a série continuará a mesma, só que com toques diferentes....
    Agora é aguardar o segundo episódio para realmente sacramentar como sucesso (ou nao) a entrada de Kutcher na série.
    Gostei muito da sua análise. :)

    bjos

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