sábado, 17 de julho de 2010

O fim do começo

Pensei muito antes de publicar este texto. Afinal, ele fala sobre outras pessoas, expõe coisas que vivemos durante alguns meses. Depois, concluí que tão pouca gente lê isto aqui... e que essas pessoas merecem essa homenagem. Gostem ou não.

Madrugada de sexta-feira, 9/7/2010

Oficialmente, hoje foi o último dia do programa de treinamento. Trabalharemos no fim de semana, mas em escalas. Os 12 juntos, não mais. Isso me causou uma súbita vontade de ressuscitar o agonizante blog, companheiro de momentos de desabafo.

Não sei nem por onde começar a dizer tudo o que aprendi nesses quatro meses e meio. Ao contrário dos meus colegas trainees, entrei com zero de experiência em jornalismo. Pauta, pra mim, era o assunto das reuniões nas empresas. Fonte eram livros e artigos acadêmicos, de onde eu tirava tabelas, dados, variáveis e constantes. Matéria? Tudo o que ocupa lugar no espaço e tem massa. Por algum motivo, alheio ao meu conhecimento, fui selecionado para compor essa turma de feras no jornal que sempre considerei o melhor do país.

Era uma baita “responsa”, assustador no começo, e eu tinha muito medo de não dar conta desse treinamento. E eu ainda não sei se daria, não fosse essa gente absurdamente legal que, de repente, passaram a ser companheiros essenciais à minha rotina e à minha vida. Afinal, não bastassem as dez horas diárias --no mínimo-- juntos no jornal, a maioria morava no mesmo prédio que eu, a um corredor ou alguns degraus de distância. Ou seja, era café da manhã, almoço, jantar e, às vezes, um barzinho no fim do dia, porque ninguém é de ferro.

As pessoas que seguem foram os responsáveis por transformar um engenheiro quadrado, quieto, conservador e conformado, em um jornalista crítico, questionador e aberto. Se algum louco, um dia, vir meu trabalho e gostar, é bom saber que devo tudo a eles. O texto está longo, mas, acreditem ou não, fiz um exercício monstruoso de fechamento antes de chegar a esta versão.


O que vai ser de mim sem os abraços de bom dia da Aline? Companheira essencial na primeira escala, e em diversos momentos nesses quatro meses. Foi com ela que consegui compartilhar minha alegria de ter recebido o CD novo da Aguilera depois de três semanas de espera! \o/ Passei um bom tempo sem saber como mostrar o quanto ela é querida. No final, me senti bem, pois acredito que consegui (se não tiver conseguido, tentarei mais uma vez agora: Aline, adoro você, viu?). Espero ter muitas oportunidades de retribuir o carinho!

Anna Virginia, com seus cinco (ou quatro, mas que valem por cinco) sobrenomes, é um caso à parte. A primeira jornalista a me mandar um tuíte, pré-semana de palestras. Tudo bem que nem nos falamos durante a semana em si, mas eu era anti-social naquela época. No treinamento, tudo mudou, e Anna Virginia e eu, por trás de diferenças superficiais, fomos percebendo que nem eu sou tão “conservador” assim e nem ela é tão “moderninha” quanto se pensa. A Anna me complementa, de uma forma sem precedentes e isso aconteceu bem rápido. E agora, com quem compartilharei as previsões bizarras do polvo sobre minha vida pessoal?

A Carol já é especial pra mim desde a semana de palestras, pois foi a primeira pessoa que me fez sentir-me bem entre jornalistas (acho que nem ela sabe disso). Fiquei absurdamente feliz quando vi que seríamos colegas e, de lá pra cá, essa relação foi se intensificando exponencialmente. É incrível como ela sempre sabe os momentos em que mais preciso de um carinho, de um abraço. A esta altura, se ela não souber, também, eu faço questão de pedir! =D Espero ser, um dia, tão bom profissional quanto ela. Mas, bem acima disso, espero ser sempre digno de todo o carinho e amizade que ela sempre me deu.

Sempre vi o Elton como um cara bastante maduro, que entende a vida como eu jamais conseguiria. As perguntas que fazia durante o treinamento geralmente eram as que mais me acrescentavam aprendizado e informação. E, com o tempo, percebi que é uma diversão estar do lado dele --a Anna Virginia que o diga (aliás, será que eles continuarão lado a lado na editoria em que vão trabalhar, juntos, na próxima semana?) Sério, quando eu crescer, quero ser que nem o Elton! Mas não tem jeito: ele sempre vai ser o cara que assistiu a um jogo do Brasil comigo no... bom, quem sabe, sabe.

Grande Hiroshi, meu vizinho da direita! Poxa, eu ainda queria que rolassem mais umas dez versões da memorabilia (...NOT!), se isso prolongasse nosso tempo de convivência. De uns tempos pra cá, o Hiroshi vinha sendo um grande companheiro de matérias. E, coitado, era o único que tinha de esperar minha lerdeza tanto no almoço como na janta. Esta, aliás, rendeu alguns dos meus melhores papos e desabafos durante o treinamento. Excelente profissional e excelente pessoa, além de bastante conservad... digo, prudente, espero levá-lo como amigo pra vida, antes de qualquer outra coisa. E que o fim do treinamento não seja o fim das jantas na vovó (atualização: foi mesmo o fim!)!

Filipe, ou FiMotta, é de quem eu tenho mais pena entre todos os trainees. Afinal, meu conterrâneo mineiro teve que me aguentar dividindo um quarto de hotel durante quatro meses. Fico feliz porque ele sobreviveu e, incrivelmente, ainda cogita a possibilidade de continuar morando comigo depois do treinamento. Como bons mineiros, ambos falamos pouco, mas cada conversa sempre vale a pena. Agradeço por toda a paciência, pela companhia, pelos bons papos e momentos de confiança.

A maioria das minhas primeiras vezes foi com a Grazi (com exceção, provavelmente, dessa que pode ter passado pela sua cabeça, leitor maldoso!). A primeira experiência procurando pauta nas ruas, a primeira matéria extra-treinamento, a descoberta de que não dar conta de ler o jornal inteiro todos os dias não me faria um mau profissional... Fora as milhares de vezes em que, cheio de dúvidas, enchi a paciência dela, que sempre foi extremamente solícita --uma querida!-- comigo. E os conselhos sobre a vida, sempre sensatos, que muito me fizeram refletir. Muito bem, Graziela! Olhar para o meu lado esquerdo e não vê-la, daqui pra frente, vai ser sempre difícil, sempre uma perda. Por favor, guarde o calendário. Tudo o que escrevi lá pode até ser bobo, mas é muito especial!

Até hoje não sei se decifrei direito o Gui. Não só porque é um cínico, cínico, cínico, mas também porque, no início, sempre o achei o trainee mais diferente de mim e o mais parecido comigo, tudo junto e misturado. Dessa antítese que ronda nossa convivência, surgiu uma amizade que me surpreendeu pela intensidade e pela importância. Pequenas grandes conversas, pequenos grandes apoios e pequenas grandes demonstrações de confiança me fazem não querer nunca perder esse cara de vista. E, sorry, mas tudo o que eu não quero, não deixo acontecer, mesmo!

Nosso querido Marcos é aquele cara que leva alegria pra qualquer lugar em que está. Coincidência ou não, foi meu parceiro na pauta mais divertida que já fiz na vida, pelo menos por enquanto (Luigi! hohooo!). De sessões de violão a sessões de videogame, passando por sessões de chope no Prazeres do Sul, não tem como não gostar de estar perto dele. É um cara que admiro pelo carisma, pela capacidade de cativar as pessoas, e pela força que carrega dentro de si. É um grande guerreiro, e sem dúvida vai sair um grande vencedor. Mas o que importa mesmo é o grande amigo que é e, no que depender de mim, será sempre. Have a rotten day!!!

Um dia, no treinamento, de repente, uma barrinha de chocolate napolitano pululou na minha mesa. Brinquei com o Marcos: “Cara, quem deixou isso aqui sabe como me fazer feliz!”. Adivinhem quem tinha sido? Sim, ela! Nááááádia! Aliás, sabem quem me levou pra balada com músicas mais legais que eu já fui na vida? Sim, também foi ela, que, aliás, como eu, entrou advogada e saiu jornalista (tá, eu não entrei advogado, mas vocês entenderam, né?). A Nádia sempre tem algo interessante a dizer. Algo que, ou vai te divertir bastante, ou vai te fazer pensar sobre coisas da vida. Se você quer melhorar o seu dia, recomendo sempre uma boa conversa com ela. Aliás, recomendo a amizade maravilhosa que ela pode oferecer. É a pululante mais querida do Brasil!

Coincidência ou não, faltou a Thais por último. E talvez não seja por acaso. Os outros dez que me desculpem --e eu sei que desculparão--, mas a Tata é a que mais está deixando saudade. “São só dois meses!”, imagino ela dizendo. Dois longos meses! É muito tempo sem aquele carinho que ela oferece despretensiosamente, sem querer nada em troca. Sem aquele sorrisão lindo! Mas, principalmente, sem as consultas de língua portuguesa! =D A Tata quebrou um tabu que sempre existiu, o das pessoas começarem a me chamar de Guto, e fez isso com uma baita naturalidade. Mal sabia ela o quanto gosto de ser chamado por apelido, o quanto isso deu aquele colorido especial para o treinamento. Com certeza, ela terá um sucesso enorme lá em Brasília. Mas o que desejo mesmo é um sucesso muito maior aqui em São Paulo, pra que possamos nos ver bastante!

Saibam, leitores, que quem mexer com um desses onze, mexe também comigo! #FãdaXuxaFeelings

Mas os agradecimentos não acabam por aqui. Devo o profissional que sou hoje à Ana Estela, que, além de sempre ter um ótimo conselho na manga, nos momentos mais decisivos acreditou mais em mim do que eu mesmo, e ao Fábio, que me deu aquela força cada vez que precisei, acompanhou e me ensinou, do zero, meus primeiros passos, ainda engatinhando como jornalista. Sem me esquecer da minha ex-colega de escola em BH e eterna madrinha, Cris, que acabou virando não apenas minha amiga, como também amiga de toda a 49ª turma.

Hoje, uma semana depois de ter escrito tudo o que você leu (ou não) acima, tive uma daquelas pequenas grandes conversas com o meu amigo Gui. Concluí que tenho dificuldade, sim, em desapegar. Mas não é simplesmente isso. Difícil, mesmo, é desapegar dessa turma maravilhosa, especial, que representou muito mais pra mim do que qualquer um deles é capaz de imaginar. Enfim, espero que eu nunca realmente me desapegue. E que eles nunca se esqueçam de tudo o que passamos juntos, porque eu nunca vou me esquecer. A todos, não sei mais o que dizer além de: MUITO OBRIGADO!

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